segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Equilíbrio: em busca do caminho do meio.



Vivemos em um mundo de polaridades. Temos certo e errado, bom e mau, paz e guerra, céu e inferno, corpo e mente, razão e emoção, amor e ódio, doença e cura, ser e não ser, luz e sombra, etc... Diariamente, precisamos fazer escolhas que nos colocam frente a estas polaridades, optando por uma e imaginando que imediatamente estamos excluindo a outra. Seria isso possível?

Atualmente, tenho tido mais contato com o pensamento oriental, que me aproximou mais de uma forma de pensar diferente dessa dualista que nós, ocidentais, estamos acostumados. Primeiro é preciso compreender que quando temos opostos estes só existem um frente ao outro, do contrario jamais existiriam. Por exemplo, paz e guerra, a paz só possui significado se existir a guerra, senão não entenderíamos o que é paz. À medida que não existe guerra, não existe paz, só vamos entender a paz se tiver a guerra para designar algo que é totalmente o oposto.


Bom, compreendendo que os opostos são na verdade complementares, existindo um a partir do outro, eu refaço a pergunta que fiz no início: Ao se fazer escolhas, seria possível excluir um dos pólos? Não! Na verdade, quanto mais vamos para um lado, maior se torna o lado oposto que procuramos negar. Eu sempre fui contra o extremismo, seja ele qual for, afinal tudo é relativo e sempre existem dois lados; e o extremismo aqui é entendido como uma atitude muito equivocada. O que então o pensamento oriental, mais precisamente o Taoísmo propõe? A União! Como no diagrama do Taji Tu, que mostra a integração entre Yin e Yang.

Enquanto Psicólogo, quero chegar a conclusões na minha área a respeito deste pensamento que acabo de tratar. Atualmente, fala-se muito sobre a psicossomática, enfatizando o aspecto psicológico em doenças que eram consideradas apenas orgânicas. Estamos tratando então da antiga dualidade entre mente e corpo, "pólos distintos", que sob o ponto de vista da psicossomática funcionam juntos e influenciam-se reciprocamente. Em um livro intitulado "A doença como caminho", os autores, um psicólogo e o outro médico, tratam a respeito da doença sob o ponto de vista do pensamento oriental. Segundo os autores, não devemos querer aniquilar o sintoma, se ele surge é para denunciar justamente aquela polaridade que estamos negando. Quando não tomamos consciência de um conflito, por exemplo, ele se manifesta em nosso corpo, através de uma inflamação. Tentamos fugir da "guerra" que seria enfrentar tal conflito, no entanto ele acaba por se manisfestar fisicamente, a "guerra" se instaura em nosso organismo. Para nós ocidentais que estamos acostumados a pensar de uma forma tão diferente, pode parecer estranho, mas pensar dessa maneira é uma verdadeira arte!

E como superar este mundo cheio de polaridades? Procurando o equilíbrio! Em Gestalt Terapia, utilizasse o termo "homeostase" que designa o equilíbrio do ser humano entre fatores internos  e externos. Já os budistas falam da necessidade de buscar "o caminho do meio". Inumeras abordagens tratam da importância do ponto de equilíbrio, mas para chegar a ele, penso que existem alguns passos fundamentais. É preciso primeiramente ter consciência da polaridade que cerca cada questão, só assim é possível encontrar o meio. Depois é importante aceitar a existência da polaridade que há dentro de nós mesmos, isso significa nos aceitarmos por inteiro, não apenas aquilo que gostamos de ser, mas o todo, aspectos positivos e também os negativoso como os defeitos, as atitudes imorais, e tudo mais que costumamos esconder de nós mesmo. Só aí é que podemos tomar uma postura diante da vida e  com coragem buscar o equilíbrio, da mesma forma que encontramoscorporalmente, em cima de uma corda bamba.




Cabe ressaltar que encontra o equilíbrio não é o mesmo que ter uma vida morna, sem grandes emoções, vivendo "em cima do muro". Muito pelo contrario, aquele que renega seus conflitos internos e se apega a uma polaridade sim, está fugindo e essa fuga é que torna a vida morna. Encontrar o equilíbrio é ter consciência da totalidade, para então poder optar, sabendo que o outro lado ainda existe.

Na vida, algumas vezes pendemos para um lado, ao ver que vamos cair, nos atiramos apressados para o outro lado. Nestes momentos, encontrar o ponto de equilíbrio parece impossível. Outras vezes, o percurso parece árduo e a vontade é de atirarsse, desistir. Isso só para quem pretende atravessar o caminho com pressa. Aquele que tem calma, anda em passos lentos, deslumbrando a paisagem no passeio da vida...



"Viver é como andar de bicicleta. É preciso estar em constante movimento para manter o equilíbrio."
(Einstein)

3 comentários:

  1. Nossa, você escreveu o texto pra mim? Obrigada! rs
    Sempre achei o YinYang a tradução simbólica mais perfeita da vida, desse tal equilíbrio. Disse muito certo que precisamos ter consciência dos "dois lados da moeda" para seguir em frente e aceitar os fatores.
    Estou nesse processo, vamos ver se logo mais tiro as rodinhas de apoio da bike!
    Escreve mais, neguinho! Sempre muito bom ler seus textos. Beijo Lali :)

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  2. Bam demais.. parabéns!!
    Processo de individuação...sempre!!
    sou fã mesmo do que escreve!
    beijão
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  3. Ja diria Aristoteles em seu conceito de "justo meio". Muito interessante!

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