domingo, 26 de abril de 2009

Não há mudança sem crise


"Não há mudança sem crise!" Não sei bem ao certo de quem é esta frase, mas provavelmente seja de muitos, até mesmo pela veracidade que ela contempla. Muitos são aqueles que procuram evitar a crise em suas vidas, mal sabem eles o quanto ela é benéfica! A própria crise financeira mundial, a qual vivemos atualmente, se faz fundamental para que a economia pare de seguir o rumo que havia tomado. Mas, a crise da qual pretendo tratar é a crise existencial. Muito provavelmente, porque eu mesmo esteja passando por uma! O post também é fruto de algumas conversas que tive nos últimos dias.
Para mim, a crise, representa o ponto de partida para a mudança, sem ela, ficamos na mediocridade que representa o conformismo. Em psicologia, crise está muito associada as fases do desenvolvimento e não é por menos, afinal crise tem tudo haver com desenvolver-se e evoluir! Ainda sob o olhar da psicologia, a crise pode ser definida como uma fase de perda, ou uma fase de substituições rápidas, em que se pode colocar em questão o equilíbrio da pessoa. Este desequilíbrio pessoal gerado pela crise é fundamental para que a pessoa se reinvente e é primordial que ela assim o faça para superar esta fase de perda, afinal toda escolha implica em uma renúncia.

Como diria Einstein “sem crise não há desafios. Sem desafios, a vida é uma rotina, uma lenta agonia. Sem crise não há mérito. É na crise que aflora o melhor de cada um. Falar de crise é promovê-la e calar-se sobre ela é exaltar o conformismo.” Ainda segundo este gênio: “A criatividade nasce da angústia, como o dia nasce da noite escura. É na crise que nascem as invenções, os descobrimentos e as grandes estratégias. Quem supera a crise, supera a si mesmo, sem ficar superado.”

Sendo assim, acredito que a crise deva ser vista de forma positiva, pois corresponde a oportunidade de mudar. Como existencialista, não posso deixar de falar de alguns pensadores existencialistas que tanto se dedicaram a este tema. Kierkegaard, filósofo dinamarquês, conhecido como "pai do existencialismo", destinou sua vida a estudar o desespero humano, este desespero que nos assola quando uma crise é vivenciada. Para o autor "o desespero revela a miséria e a grandeza do homem", pois é neste momento de vulnerabilidade que estamos sujeitos a sermos quem realmente somos.

A crise então representa o estopim da mudança, mas o que realmente importa é o que fazemos diante da crise! Alguns se acorvadam, vivem daquilo que os outros esperam, não conhecem a si mesmos e vivem com medo do desconhecido, de correr riscos, de se arrepender de uma nova escolha... mantendo-se assim no comodismo, se auto-boicotando. Para evitar isso carrego comigo duas máximas, de pensadores (também existencialistas) que me marcaram profundamente; e que vos compartilho: "Somos nossas escolhas!" (Sartre) e "Torna-te aquilo que és!" (Nietzsche). Estas são máximas que procuro pensar toda vez que vou tomar uma decisão, acho que é um exercício que é preciso ser feito diariamente para não se perder o foco do que realmente se quer fazer da própria vida.

Então, se está passando por uma crise, agradeça! Está diante da oportunidade de se fazer melhor! Tornar-se protagonista da sua própria história! Afinal, querendo ou não, "somos condenados a ser livres!" (Sartre).
Exerça a sua liberdade!

terça-feira, 21 de abril de 2009

Loucura x Genialidade

Qual é a tênue linha que separa a genialidade da loucura? Uma pergunta que me faço há muito tempo... Uma mente criativa é aquela que atravessa o limiar da normalidade, do já conhecido e seguro, para se aventurar no desconhecido, quebrando paradigmas e estereótipos, criando algo inovador. É nessa dimensão subjetiva, inovadora, que se abriga a loucura, composta por caminhos sem fronteiras, um salto em queda livre sem saber como é o chão!

Ao pensar em grandes gênios, facilmente encontramos vários que foram incompreendidos em sua época, taxados de "inadequados socialmente" como Einstein (e que loucura a teoria da relatividade não?). Temos ainda aqueles que transformavam sua loucura em arte como Van Gogh. Lembro-me de quando fiz estágio no Hospital Psiquiátrico do Bom Retiro, onde conheci algumas pessoas singulares, extremamente criativas e talentosas, que tinham dificuldade de separar o real do imaginário. Eu percebia que era justamente essa dificuldade que representava a essência não só da loucura, mas também da genialidade daquelas pessoas.

Descartes afirmava que a verdade só pode ser atingida pela razão. Para o autor, a loucura é a ausência da razão, assim, o louco ficou estigmatizado como um ser que não cogita (pensa). O que percebo é que a loucura está muito relacionada com a paixão! (Acho até que paixão x loucura merecem um post só sobre eles) Quando alguém gosta muito de algo costumamos dizer "fulano é louco por ..." como se gostar muito de algo é ser louco por aquilo. Por isso a loucura é colocada em oposto a razão, ao pensamento, a lógica; por ser movida pelo emocional, desprovida da razão e ligada a uma forma de paixão.

Mas o que eu acredito profundamente é que os gênios encontraram toda sua genialidade, quando conseguiram conciliar a sua loucura/paixão ao pensamento. Porque nada existe de grandioso sem paixão (Hegel). Acredito também que aqueles que não suportam o sofrimento do seu mundo tornam-se necessariamente loucos! E o que fazer pra não deixar que o sofrimento torne-se loucura? Eu digo! Transformar o sofrimento em arte! Quem teve a oportunidade de ver a exposição "As imagens do Inconsciente" (vá ao MON, ainda da tempo! http://www.museuoscarniemeyer.org.br/exposicoes/nise_silveira.html ) teve uma prova do quanto a arte pode ser uma forma de sublimação (no sentido psicanalítico). E quando a sublimação é possível o que acontece então? O louco vira o gênio! que loucura não?

O que eu quero afinal com este post é fazê-los refletir sobre a loucura e a genialidade que há dentro de cada um de nós. Este blog é a tenativa de dar a palavra a minha loucura. E você tem dado voz a sua? Talvez nela se esconda sua genialidade... Compreender a sabedoria que há na loucura é o primeiro passo para que as portas da imaginação sejam abertas.



Albert Einstein

“O sonho é a loucura do indivíduo adormecido enquanto os loucos são sonhadores acordados.” ( Garcia-Roza)
Indicação de leitura: História da Loucura - Michel Foucault.